O Comando-Geral da Polícia da República de Moçambique (PRM) confirmou oficialmente, neste domingo, que o cidadão morto a tiro na noite de quarta-feira, no bairro de Nkobe, município da Matola, era Carlos Rafael Zandamela, superintendente principal da corporação, afeto à Unidade de Intervenção Rápida (UIR).
O caso, que chocou a sociedade moçambicana, trata-se de um homicídio brutal em plena via pública, com características de execução, cujas circunstâncias permanecem envoltas em mistério.
Um Assassinato em Plena Via Pública
Segundo relatos preliminares, o ataque ocorreu por volta das 19 horas de quarta-feira (data exata não divulgada), quando a vítima, que se encontrava no interior da sua viatura, foi baleada com mais de 50 tiros por indivíduos ainda não identificados.
Fontes próximas ao local afirmaram ter ouvido uma intensa troca de tiros, provocando pânico entre os moradores e transeuntes da área de Nkobe. O veículo do superintendente principal ficou completamente perfurado pelos projéteis, e Carlos Zandamela morreu no local antes da chegada dos serviços de emergência.
Silêncio Inicial Gera Polémica
No dia seguinte ao crime, a PRM, por meio do seu porta-voz provincial em Maputo, declarou não conhecer a identidade da vítima, o que gerou críticas e desconfiança por parte da opinião pública. Muitos cidadãos e comentadores nas redes sociais questionaram o tempo excessivo para uma confirmação oficial, sobretudo tratando-se de um membro sénior da corporação.
As críticas rapidamente se intensificaram, alimentadas pelo silêncio inicial e pela ausência de atualizações sobre o caso. O público exigia transparência, dada a gravidade do assassinato e o envolvimento de um agente de alta patente.
Confirmação Oficial: PRM Rompe o Silêncio
Após dias de especulação e pressão pública, o Comando-Geral da PRM emitiu um comunicado oficial confirmando a identidade do falecido e repudiando as críticas dirigidas à corporação. No documento, divulgado por veículos como o jornal O País, a instituição reafirma que Carlos Rafael Zandamela exercia funções como Chefe da Repartição de Reconhecimento da UIR, destacando o seu papel estratégico dentro da força policial.
O comunicado também aborda a demora na confirmação da identidade, justificando-a com a necessidade de procedimentos internos de verificação e notificação da família, conforme os protocolos da PRM.
Perfil da Vítima: Quem Era Carlos Rafael Zandamela
Carlos Zandamela não era um cidadão comum. Com o posto de superintendente principal, era um dos quadros mais experientes da Unidade de Intervenção Rápida – uma força especializada da PRM frequentemente destacada em operações sensíveis, de alto risco ou relacionadas à segurança nacional.
Fontes extraoficiais indicam que o agente era respeitado pelos seus colegas e exercia a sua função com elevado sentido de dever. Sua morte representa uma perda significativa para a corporação, não apenas pela sua patente, mas pelo nível de responsabilidade que detinha.
Motivações do Crime Ainda São Desconhecidas
Até o momento, não foram divulgadas pistas concretas sobre os autores nem os motivos do crime. As autoridades afirmam estar a conduzir uma investigação em curso, mas evitam avançar qualquer hipótese que possa comprometer o processo.
O número elevado de disparos sugere uma ação premeditada e executada por profissionais, o que abre margem para várias teorias – desde retaliações internas, envolvimento em investigações sensíveis, até possíveis ligações a redes criminosas ou máfias que operam no país.
Para muitos analistas, o modo de atuação indica uma execução sumária, que levanta sérias preocupações sobre a segurança dos próprios agentes da lei.

Reações: Clamor Público e Luto Institucional
A morte de Zandamela provocou uma onda de consternação em diferentes círculos sociais e políticos. Colegas, familiares e cidadãos anónimos expressaram profunda tristeza e indignação nas redes sociais, exigindo respostas claras e justiça célere.
O comunicado da PRM termina com condolências à família do falecido, classificando a sua morte como “uma perda irreparável”. O tom da mensagem oficial evidencia não só o luto institucional, mas também o impacto emocional dentro da corporação.
Segurança e Moral na PRM: Em Risco?
O assassinato de um alto membro da Unidade de Intervenção Rápida levanta sérias questões sobre a segurança interna da polícia moçambicana. Muitos perguntam: se nem os oficiais da elite da PRM estão seguros, quem está?
Este caso poderá representar um ponto de inflexão na forma como a PRM trata questões de segurança interna, proteção de oficiais e resposta a ameaças direcionadas. A pressão pública poderá também levar a reformas operacionais ou estratégias mais eficazes para prevenir crimes semelhantes.
Um Crime Que Abala a Confiança Nacional
A confirmação da identidade de Carlos Rafael Zandamela como a vítima do baleamento em Nkobe fecha uma etapa da especulação, mas abre outra ainda mais inquietante: o que motivou o assassinato e quem está por trás dele?
A PRM tem agora o desafio de demonstrar transparência, eficácia investigativa e celeridade, sob pena de perder ainda mais a confiança dos cidadãos. A morte de um agente da elite policial, às portas de casa, não pode ser tratada com silêncio ou lentidão.
Moçambique espera por respostas. Espera por justiça.