Ajuda humanitária Moçambique ganhou novo fôlego em maio com a intervenção do Programa Alimentar Mundial (PAM), que assistiu 377.835 pessoas afetadas pelos conflitos armados no norte do país, especialmente nas províncias de Cabo Delgado e Niassa. A operação, parte do plano de resposta ao ciclo maio-junho, alcançou 90% da meta prevista e mostra a resiliência dos esforços internacionais em meio a uma crise prolongada.
Uma crise humanitária complexa
Desde 2017, o norte de Moçambique vive uma das piores crises humanitárias da África Austral. A insurgência armada, protagonizada por grupos extremistas islâmicos, já causou:
Mais de 1 milhão de deslocados internos
Milhares de mortos
Destruição de infraestruturas sociais e económicas
Instabilidade em regiões ricas em recursos naturais, como gás e madeira
Segundo o Centro de Estudos Estratégicos de África (ACSS), apenas em 2024, os ataques extremistas resultaram em 349 mortes, representando um aumento de 36% em relação ao ano anterior.

Assistência humanitária PAM: números de maio
De acordo com o relatório publicado pela agência da ONU:
377.835 beneficiários foram assistidos
5.388 toneladas de alimentos foram distribuídas
4,5 milhões de dólares foram transferidos em apoio financeiro direto
A campanha atendeu 90% do plano de distribuição de maio-junho
A assistência abrangeu deslocados internos, famílias retornadas e populações vulneráveis afetadas também por desastres naturais como os três ciclones que atingiram o país entre dezembro e março.
Constrangimentos logísticos e de segurança
Apesar da eficácia da operação, o PAM enfrentou desafios relevantes:
Acesso rodoviário limitado em alguns pontos do distrito de Quissanga
Conflitos ativos e ameaças à segurança no distrito de Macomia
Escassez de recursos financeiros, o que obriga à entrega de meias rações em intervalos bimestrais
Esses obstáculos limitam a cobertura e comprometem a estabilidade das populações afetadas. Em muitos casos, os alimentos chegam com atraso ou em quantidades insuficientes para cobrir as necessidades básicas.
Efeitos agravados por desastres naturais
Além da violência, os desastres climáticos continuam a colocar pressão sobre o sistema de assistência:
El Niño e três ciclones tropicais entre dezembro e março causaram cerca de 175 mortes
Milhares de casas foram destruídas, obrigando novas famílias a procurarem abrigo e alimentos
O norte e centro do país estão entre as zonas mais impactadas
A combinação entre desastres naturais e conflitos armados gera uma tripla crise: alimentar, climática e de segurança.

Perspetivas e necessidades para os próximos meses
Para garantir a continuidade da assistência até novembro de 2025, o PAM estima precisar de:
157,6 milhões de dólares (133,8 milhões de euros) em financiamento líquido
Sem esse suporte, as operações podem ser reduzidas, o que colocaria milhares de pessoas em risco de insegurança alimentar severa.
O PAM apela aos doadores internacionais, governos e setor privado para contribuírem com fundos e recursos logísticos, sob risco de colapso das operações.
Cooperação internacional e solidariedade local
Apesar do cenário difícil, a mobilização de parceiros locais e internacionais tem sido decisiva. Entre os pontos positivos:
Presença ativa de agências da ONU no terreno
Colaboração com ONGs locais para identificar necessidades emergentes
Estratégias de atuação comunitária e descentralizada para garantir que a ajuda chegue aos locais mais remotos
O modelo adotado envolve também distribuição de dinheiro, além de alimentos, promovendo a dignidade dos beneficiários e fortalecendo a economia local.

O papel da sociedade civil e das autoridades locais
Organizações locais, líderes comunitários e voluntários desempenham papel crucial na:
Identificação de famílias em risco
Monitoria da distribuição para evitar fraudes
Mediação entre comunidades deslocadas e hospedeiras
Reforço da vigilância de segurança alimentar e de proteção infantil
Ajuda humanitária Moçambique precisa de continuidade
A assistência do PAM em maio mostra que é possível alcançar resultados positivos mesmo diante de desafios extremos. A cobertura de mais de 370 mil pessoas é uma conquista notável, mas o trabalho está longe de acabar. Com os conflitos a persistirem e as catástrofes naturais a aumentarem, garantir ajuda humanitária contínua em Moçambique deve ser uma prioridade global.
Se você valoriza ações humanitárias eficazes, compartilhe esta notícia e apoie as campanhas do PAM e de outras organizações envolvidas. A ajuda humanitária Moçambique é, mais do que nunca, essencial para a reconstrução da esperança no norte do país.
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